Bom Samaritano
A expressão "bom samaritano" veio de uma passagem da Bíblia, em
Lucas 10:25-37, em que um homem, que se diz muito entendido nas leis de
Deus, pergunta a Jesus o que é preciso fazer para entrar no Reino dos Céus.
Então, Jesus conta uma parábola sobre um homem que seguia de Jerusalém para
Jericó, quando caiu nas mãos de ladrões. Os bandidos roubaram suas roupas e
bateram tanto no coitado que ele quase morreu. Um padre passava pela
estrada e, ao ver o homem, desviou do caminho. Um levita, que vinha pelo
mesmo lugar, mudou de direção. Até que apareceu um samaritano, que ficou
com pena do homem. Ele fez curativos em suas feridas com óleo e vinho.
Depois, colocou o pobre em seu burrico, levou-o para uma pousada e lá cuidou
dele. Para Jesus, quem ajuda seu vizinho teria passaporte garantido para o
céu. Naquela época, os samaritanos não eram vistos com bons olhos pelos
judeus, pois formavam um grupo dissidente da comunidade judaica, que
incluía rituais pagãos em sua prática religiosa. Na verdade, Jesus queria
mostrar que deveríamos considerar todos como nossos "vizinhos" e
ajudá-los, deixando as diferenças de lado.
Boi na linha
A primeira estrada de ferro do Brasil foi construída pelo Barão de Mauá e
ia de Raiz da Serra à Petrópolis. O projeto não previa a colocação de
cercas ao redor dos trilhos, por isso é comum que rebanhos de bois
cruzassem ou até deitassem nas linhas. Isso obrigava os ferroviários a
pararem a máquina para expulsar os animais do caminho. Por isso surgiu a
expressão "tem boi na linha".
Chupim
Essa palavra nomeia àquelas pessoas que costumam se aproveitar das outras.
Na verdade, chupim é um pássaro preto. Como não constrói ninho, ele usa de
um artifício para que outros animais (geralmente o tico-tico) choquem seus
ovos. O bichinho os deposita no ninho do colega alado, que faz todo o
serviço sem perceber.
Conto-do-Vigário
Uma imagem de Nossa Senhora dos Passos doada pelos espanhóis à cidade de
Ouro Preto (MG) originou uma disputa entre os vigários de duas igrejas, a
de Nossa Senhora do Pilar e a de Nossa Senhora da Conceição. Para resolver
o impasse, o vigário de Pilar sugeriu que a imagem fosse colocada em cima
de um burro no meio do caminho entre as duas igrejas. O rumo que o animal
tomasse decidiria com quem ficaria a imagem. Quando foi solto, o burro
imediatamente se dirigiu à igreja de Pilar. Mais tarde, soube-se que ele
pertencia ao vigário de lá.
Rasgar a seda
A expressão, que significa fazer um elogio exagerado, é originária de uma
das comédias do dramaturgo Luís Carlos Martins Pena (1815-1848), o fundador
do teatro de costumes no Brasil. Em uma cena, um vendedor de tecidos tenta
cortejar uma moça bonita e, como pretexto, oferece alguns cortes de fazenda
a ela, "apenas pelo prazer de ser humilde escravo de uma pessoa tão
bela". A garota entende o recado e responde: "Não rasgue a seda,
que esfiapa-se".
Frango a passarinho
De acordo com José Carlos Machado, gerente do restaurante São Judas Tadeu,
em São Bernardo do Campo, que serve o prato desde 1949, o frango é chamado
assim porque é cortado em pedaços menores, 22 para ser mais exato. "Os
pedaços pequenos acabam por assemelhar o frango a um passarinho, daí o
nome", afirma Machado. O frango a alho e óleo, por exemplo, é cortado
apenas nas juntas e rende 14 pedaços.
Pagar o mico
De acordo com o dicionário Houaiss, a expressão, que significa "passar
por um vexame", é originária do jogo do mico. Cada jogador usa as
cartas que retira do monte para formar casais de animais e quem fica com a
carta do mico preto, que não tem par, perde a partida. O perdedor tem que
sofrer algum tipo de castigo, como passar por uma situação embaraçosa, e
"paga o mico".
Chato de galocha
Infelizmente, os chatos continuam a existir, ao contrário do acessório que
deu origem a essa expressão. A galocha era um tipo de calçado de borracha
colocado por cima dos sapatos para reforçá-los e protegê-los da chuva e da
lama. "Por isso, há uma hipótese de que a expressão tenha vindo da
habilidade de reforçar o calçado. Ou seja, o ’chato de galocha’ seria um
chato resistente e insistente", explica Valter Kehdi, professor de
Língua Portuguesa e Filologia da Universidade de São Paulo. De acordo com
Kehdi, há ainda a expressão "chato de botas", calçados também
resistentes, o que reafirma a idéia do chato "reforçado".
Do arco-da-velha
Coisas do arco-da-velha são coisas inacreditáveis, absurdas. Arco-da-velha
é como é chamado o arco-íris em Portugal, e existem muitas lendas sobre
suas propriedades mágicas. Uma delas é beber a água de um lugar e devolvê-la
em outro - tanto que há quem defenda que "arco-da-velha" venha de
arco da bere ("de
beber", em italiano).
Presente de grego
A expressão, que significa dádiva ou oferta que traz prejuízo ou
aborrecimento a quem a recebe, surgiu em decorrência da Guerra de Tróia. A
lendária história é narrada no livro Ilíada, do poeta Homero, que cobre o
final de uma disputa de 10 anos (1250 a.C. - 1240 a.C.) entre a
Grécia e Tróia cujo principal estopim foi o rapto de Helena, mulher do rei
de Esparta Menelau, por Páris, filho do rei troiano Príamo. Para resgatar
sua esposa, o monarca pede ajuda a seu irmão Agamenon, rei de Micenas. Ele
envia um enorme exército à Ásia Menor, onde montam um cerco ao redor das
muralhas da cidade inimiga. O conflito só termina graças a um plano de
Ulisses, rei da ilha de Ítaca. Ele ordena que as tropas finjam deixar o
local da batalha e deixem à porta dos muros fortificados um imenso cavalo
de madeira. Os troianos acreditam se tratar de um presente e, felizes, o
colocam para dentro. À noite, os soldados gregos que estavam escondidos no
cavalo saem e abrem as portas da fortaleza para a invasão. Tróia é
arrasada; seus líderes, mortos; e Helena, levada de volta a seu país.
Vara judicial
A expressão surgiu por causa de uma prática comum na Roma antiga. Na época,
os juízes usavam varas para sinalizar que eram homens poderosos e para
distinguir os letrados dos leigos. Os primeiros usavam varas brancas e os
segundos, vermelha. Esse costume foi trazido para o Brasil pelos
colonizadores portugueses. Quando alguém se recusava a atender uma
convocação judicial, os juízes ameaçavam os "rebeldes" com seus
bastões. Foi por causa disso que apareceu também as expressões
"conduzido debaixo de vara" e "corrido à vara", ambas
com o significado de "perseguido pela justiça". Vara judicial,
por sua vez, ficou consagrada como "área judicial onde o juiz de
primeira instância exerce seu poder".
Grilagem
A expressão é usada para indicar o ato de fazer títulos falsos de terra.
Ela faz referência ao truque usado para "envelhecer" documentos
de propriedade novos. Os papéis eram colocados em uma caixa cheia de
grilos. Depois de semanas, saíam cheio de manchas amareladas, corroídos nas
bordas e com pequenos buracos graças a ação dos animais.
Homem não chora
Na verdade, a expressão veio de uma regra de sobrevivência dos homens
esquimós. É deles a responsabilidade de enfrentar o frio rigoroso. Para
encarar as baixas temperaturas, eles tomam alguns cuidados como evitar
correr. O suor poderia congelar e, conseqüentemente, lhes causar
hipotermia. O mesmo princípio se aplica ao choro. As lágrimas congeladas
poderiam obstruir os canais dos olhos e prejudicar permanentemente a visão.
Por isso, os esquimós ensinam a seus filhos: "homem não chora".
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