30 julho 2011

Mensagens

Um conto de Kahlil Gibran






Eu estava andando nos jardins de um asilo de loucos, quando encontrei um jovem rapaz, lendo um livro de filosofia.
Pelo jeito, e pela saúde que mostrava, não combinava muito com os outros internos.
Sentei-me ao seu lado e perguntei:
- O que você está lendo aqui?
O rapaz olhou surpreso. Mas, vendo que eu não era um dos médicos, respondeu:
- É muito simples. Meu pai, um brilhante advogado, queria que eu fosse como ele. Meu tio, que tinha um grande entreposto comercial, queria que eu seguisse seu exemplo. Minha mãe desejava que eu a imagem de seu adorado pai Minha irmã sempre me citava seu marido como exemplo de um homem bem sucedido. Meu irmão treinava-me para se um excelente atleta como ele.
Parou um instante e continuou:
- E o mesmo acontecia com meus professores na escola, o mestre do piano, o tutor de inglês – todos estavam determinados em sua ações e convencidos de que eram o melhor exemplo a seguir. Ninguém me olhava como se deve olhar um homem, mas como se olha no espelho.



O diamante




O Hindu tinha chegado aos arredores de certa aldeia e aí sentou-se para dormir, debaixo de uma árvore.
Chega correndo, então, um habitante daquela aldeia e diz quase sem fôlego:
- Aquela pedra! Eu quero aquela pedra!
- Mas que pedra? Perguntou-lhe o Hindu.
- Ontem à noite, eu vi, meu Senhor Shiva e, num sonho, ele disse que viesse aos arredores da cidade, ao pôr-do-sol; aí, devia estar o Hindu que me daria uma pedra muito grande e preciosa que me faria rico para sempre.
Então o Hindu mexeu na sua trouxa e tirou fora a pedra e foi dizendo: “Provavelmente é desta que ele falou: encontrei-a num trilho de floresta alguns dias atrás; podes levá-las.”
E assim falando, ofereceu-lhe a pedra.
O homem olhou maravilhado para a pedra. Era um diamante e, talvez, o maior jamais visto no mundo, do tamanho de uma cabeça humana!
Pegou, pois, o diamante e foi-se embora.
Mas, quando veio a noite, ele virava de um lado para outro em sua cama e nada de dormir. Então, rompendo o dia foi ver de novo o Hindu e o despertou dizendo:
- Eu quero que me dê essa riqueza que lhe tornou possível desfazer-se de um diamante tão grande assim tão facilmente!
(Anthony de Mello)


O guerreiro da luz




O guerreiro da luz, às vezes, comporta-se como a água, e flui por entre os obstáculos que encontra.
Em certos momentos, resistir significa ser destruído; então, ele adapta-se às circunstâncias. Aceita, sem reclamar, que as pedras do caminho tracem o seu rumo através das montanhas.
Nisso reside a força da água: ela jamais pode ser quebrada por um martelo, ou ferida por uma faca. A mais poderosa espada do mundo é incapaz de deixar uma cicatriz em sua superfície.
A água de um rio adapta-se ao caminho que é possível, sem esquecer o seu objetivo: o mar. Frágil na sua nascente, aos poucos vai ganhando a força dos outros rios que encontra.
E, a partir de determinado momento, seu poder é total.
Paulo Coelho,


Seleção de pensamentos



PAULO COELHO
Do livro “Manual do Guerreiro da Luz”


“Encontrei tanta gente que ─ na primeira oportunidade ─ tenta mostrar o pior de si. Esconde a força interior atrás da agressividade; disfarça o medo da solidão com um ar de independência. Não acredita na sua própria capacidade, mas prega aos quatro ventos as suas virtudes.”

“Deus usa o fogo, para ensinar sobre a água.

Usa a terra, para que se compreenda o valor do ar.

Usa a morte, para mostrar a importância da vida.”

Aqueles que olham a miséria com indiferença são os mais miseráveis.

“... o tolo que dá palpites sobre o jardim alheio, não cuida das suas plantas.”

“Se fica à espera do momento ideal, nunca sairá do lugar; é preciso um pouco de loucura para dar o próximo passo.”

Deus jamais abandona os seus filhos ─ mas os Seus desígnios são insondáveis, e Ele constrói a estrada com os nossos próprios passos.”

“Um espinho, por menor que seja, faz o viajante interromper seu passo. Uma pequena e invisível célula pode destruir um organismo sadio. A lembrança de um instante de medo no passado faz a covardia voltar a cada nova manhã. Uma fração de segundo abre a guarda para o golpe fatal do inimigo.”

“... quando defendes publicamente as tuas idéias, tens que te esforçar por viver de acordo com elas.”

“A espada não foi feita para ser usada com a boca.”

“Tudo o que é dito a respeito de alguém acaba sempre por chegar aos ouvidos dos inimigos dessa pessoa, acrescido da carga tenebrosa do veneno da maldade.”

“O que afoga alguém não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d’água.”

A fé apara todos os golpes. A fé transforma o veneno em água cristalina.

Devemos desligar-nos da idéia de dias e horas, para prestar cada vez nais atenção ao minuto – (Lao Tse)

Existe um lixo emocional: ele é produzido nas usinas do pensamento. São dores que já passaram, e agora já não tem utilidade. São precauções que foram importantes no passado – mas que de nada servem no presente.

Na verdade, todo o problema – depois de resolvido – parece muito simples. A grande vitória, que hoje parece fácil, foi resultado de uma série de pequenas vitórias que passaram despercebida.

Quando conseguires superar graves problemas de relacionamento, não te detenhas na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais esta prova na tua vida. Quando saíres de um longo tratamento de saúde, não penses no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na bênção de Deus que permitiu a cura. _ (Chico Xavier)

O adversário é sábio.

Sempre que pode, lança a mão de sua arma mais fácil e mais efetiva: a intriga. Quando a utiliza, não precisa fazer muito esforço – porque os outros estão trabalhando para ele. Com palavras mal dirigidas, são destruídos meses de dedicação, anos em busca da harmonia

... Deus usa a solidão, para ensinar a convivência.
Usa a raiva, para mostrar o infinito valor da paz.
Usa o tédio, para ressaltar a importância da aventura e do abandono.

Deus usa o silêncio, para ensinar sobre a responsabilidade das palavras.
Usa o cansaço, para que se possa compreender o valor do despertar.
Usa a doença, para fazer ressaltar a bênção da saúde.

Deus usa o fogo, para ensinar sobre a água.
Usa a terra, para que se compreenda o valor do ar.
Usa a morte, para mostrar a importância da vida.

... As palavras mais importantes em todas as línguas são palavras pequenas. Sim. Amor. Deus.

São palavras que saem com facilidade, preenchem gigantescos espaços vazios.

Entretanto, existe uma palavra – também pequena – que muita gente tem dificuldade de dizer: não

Quem jamais diz não, acha-se generoso, compreensivo, educado; porque o não tem fama de maldito, egoísta, pouco espiritual.


Existem dois tipos de preces:

O primeiro tipo é aquele em que se pede que determinadas coisas aconteçam, tentando dizer a Deus o que Ele deve fazer. Não se dá nem tempo nem espaço para o Criador atuar. Deus que sabe muito bem o que é melhor para cada um – vai continuar a agir como Lhe convém. E aquele que reza fica coma sensação de que não foi ouvido.

O segundo tipo de prece é aquele que em que, mesmo sem compreender os caminhos do Alto, o homem deixa que se cumpram na sua vida os desígnios do Criador. Pede para ser poupado ao sofrimento, pede alegria no Bom Combate, mas não se esquece de dizer em nenhum momento: “seja feita a Vossa vontade”.




23 julho 2011

Filmes educativos : Borboletas de Zagorsk [BBC, 1992]: Parte I

As Borboletas de Zagorsk é um documentário produzido pela BBC em 1992 que trata do trabalho desenvolvido em uma escola russa com crianças surdas e cegas, inspirado nos estudos de Lev Vygotsky e se passa na cidade de Zagorsk, a 80 km de Moscou.
Fonte:http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/videos.htm

Borboletas de Zagorsk [BBC, 1992]: Parte II

Borboletas de Zagorsk [BBC, 1992]: Parte III

Borboletas de Zagorsk [BBC, 1992]: Parte IV

Borboletas de Zagorsk [BBC, 1992]: Parte V


DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM": UMA ROSA COM OUTRO NOME

Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista". Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?
Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, aí então - como as rosas - as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo.
Meu coração gela quando penso nas crianças classificadas como 'ADHD' (sigla norte-americana para 'distúrbio de hiperatividade e falta de atenção'), o mais novo tipo de "distúrbio de aprendizagem". Muitos educadores e pesquisadores acreditam que as crianças e suas famílias tenham sido cruelmente enganadas por essa classificação. O Dr. Thomas Armstrong, que já foi especialista em dificuldades de aprendizagem, mudou de profissão quando começou a ver "como essa noção de distúrbios de aprendizagem estava prejudicando todas as nossas crianças, colocando a culpa da dificuldade de aprender em misteriosas deficiências neurológicas, em vez de apontar para as tão necessárias reformas em nosso sistema educacional". O Dr. Armstrong voltou-se então para o conceito de diferenças de aprendizagem e escreveu "In Their Way" ("Do modo deles"), um guia prático e fascinante para os sete "estilos pessoais de aprendizagem" inicialmente propostos por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard. O Dr. Armstrong nos instiga a abandonar rótulos convenientes mas nocivos tais como "dislexia" e nos ater ao problema real do "disensino". Ele adverte que "nossas escolas estão desvalorizando milhões de crianças ao taxá-las de insuficientes quando na realidade elas estão sendo incapacitadas por métodos de ensino ruins". Como Armstrong explica, "as crianças são sobrecarregadas com diagnósticos tais como dislexia, disgrafia, discalculia e assim por diante, dando a impressão de que sofrem de doenças muito raras e exóticas. Embora o termo dislexia seja apenas uma expressão latina para 'dificuldade com palavras', centenas de testes e programas se propõem a identificar e tratar tais 'disfunções neurológicas'. Mas os médicos ainda não conseguiram determinar qualquer tipo de lesão cerebral detectável na maior parte das crianças com esses assim chamados sintomas. Parece evidente para mim, depois de quinze anos de pesquisa e prática no campo da educação, que nossas escolas são as principais culpadas pelo fracasso e pelo tédio enfrentado por milhões de crianças..."
As classificações de distúrbios de aprendizado seriam "as novas roupas do imperador" das escolas? Os filósofos têm um recurso interessante chamado "Navalha de Occam", um expediente prático para liqüidar com teorias absurdas: "para resolver um problema, deve-se escolher a teoria mais simples que explique os fatos". Quais são os fatos? É fato que muitos escolares, principalmente do sexo masculino, têm dificuldades de aprendizagem. Mas também é fato que existem centenas de milhares de crianças no mundo, meninos e meninas, entre os quais esse defeito "genético" está ausente: são as crianças escolarizadas em casa. Nesse grupo, praticamente não existem dificuldades de aprendizagem, exceto nas crianças que estão ha pouco tempo na escola.
Se os "distúrbios de aprendizagem" estão presentes apenas no ambiente escolar e ausentes em outros lugares, o problema deve estar no ambiente de aprendizado das escolas e não em algum "distúrbio neurológico" misterioso e não-detectável das crianças, ou estariam igualmente presentes nas crianças escolarizadas em casa. Afinal não é segredo que as escolas não estão conseguindo cumprir sua tarefa: em muitas regiões, os níveis de alfabetização na verdade caíram e não chegaram a atingir os níveis prévios à existência de escolas públicas (nos Estados Unidos). Quando John Gatto, eleito Professor do Ano do Estado de Nova York, chama a escolarização obrigatória de "sentença de doze anos de prisão", percebemos que algo está muito errado e que o erro não é das crianças.
Será que as classificações de "hiperatividade", "fobia escolar" e "dificuldade de aprendizagem" não são uma cortina de fumaça para a incapacidade da escola de entender e aceitar o verdadeiro processo de aprendizagem? Uma especialista do porte de Mary Poplin, ex-editora de uma revista sobre distúrbios de aprendizagem ('Learning Disabilities Quarterly'), concluiu recentemente que "apesar de toda a pesquisa quantitativa... não há provas de que os distúrbios de aprendizagem possam ser identificados objetivamente... as tentativas de se estabelecer critérios objetivos para avaliar problemas humanos são uma ilusão que serve para encobrir nossa incompetência pedagógica". O educador John Holt relata em 'Teach Your Own' ('Ensine a Si Mesmo') que o presidente de uma importante associação para tratamento de distúrbios de aprendizagem admitiu que há "poucas provas para confirmar os diagnósticos de distúrbios de aprendizagem". John Holt alerta os pais de crianças em idade escolar para serem "extremamente céticos em relação a qualquer coisa que as escolas e seus especialistas digam sobre a condição e as necessidades de seus filhos". Acima de tudo, eles devem compreender que é quase certo que a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, esteja causando as dificuldades e que o melhor tratamento provavelmente seja tirar o filho da escola de uma vez por todas.
As famílias que fazem isso ficam aliviadas ao descobrir que seus filhos recuperam o interesse que tinham pelo aprendizado quando eram mais novos. Ao contrário dos professores escolares, que têm apenas uma visão parcial de várias crianças a cada ano, os pais que ensinam em casa observam o aprendizado de uma única criança ao longo de vários anos, aprendendo assim a respeitar o estilo singular de aprendizado de cada filho, a confiar na escala de horários individual da criança e a reconhecer que os erros são um componente normal e passageiro do processo de aprendizado de qualquer pessoa. ( Não há pressa, de qualquer forma: muitas crianças escolarizadas em casa que começaram a ler aos 10 ou 12 anos saíram-se muito bem na faculdade). Essa atitude de descontração dos pais que ensinam em casa mantém intacto o valor próprio da criança, torna as classificações insignificantes e permite que o aprendizado seja tão fácil quanto entre os pré-escolares: crianças escolarizadas em casa costumam superar aquelas que freqüentam a escola em termos de desempenho acadêmico, socialização, confiança e auto-estima. John Gatto afirma que "em termos de capacidade de pensar, as crianças escolarizadas em casa parecem estar de cinco a dez anos adiante daquelas que freqüentam a escola".
Durante alguns anos John Holt desafiou várias escolas a "explicar a diferença entre uma dificuldade de aprendizagem (que todos nós temos uma vez ou outra) e um distúrbio de aprendizagem". Ele perguntou aos professores como eles distinguem entre causas inerentes ao sistema nervoso do aluno e fatores externos - o ambiente escolar, o modo de explicar do professor, o professor em si ou o material didático. Ele relata: "nunca recebi uma resposta coerente a essas perguntas... [ainda assim] essa distinção é tão fundamental que não sei como podemos falar de modo construtivo sobre os problemas de aprendizagem de uma criança sem ela". Mas como os professores têm tanta certeza da existência tão disseminada de distúrbios neurológicos? Talvez eles estejam apenas confundindo causa e efeito: como John Holt observa, "os professores dizem que deve ser difícil ler, ou não haveria tantas crianças com dificuldade de ler". John Holt argumenta que "as crianças têm dificudlade de ler porquê partimos do pressuposto de que ler é difícil... com nossa preocupação, 'simplificação' e pedagogia, tudo o que conseguimos é tornar a leitura cem vezes mais difícil para a criança do que deveria ser... quando estamos nervosos ou com medo temos dificuldade, ou ficamos mesmo impossibilitados, de pensar e até de perceber... quando amedrontamos as crianças, bloqueamos totalmente seu aprendizado".
De fato, algumas pesquisas mostram que as expectativas do professor sobre a capacidade de aprendizado da criança influenciam muito o seu desempenho acadêmico. Outras pesquisas mostram a relação entre a ansiedade da criança e sua dificuldade de percepção - e ainda que o alívio da ansiedade (e o tratamento de alergias alimentares, quando elas existem) reduz em muito a incidência dessas dificuldades. Mas não precisamos que especialistas e pesquisadores nos digam o quê está errado. Precisamos apenas ouvir as próprias crianças, que estão há anos tentando expressar sua dor, frustração, confusão e raiva. Quando as crianças se voltam para as drogas, auto-mutilação e suicídio, é evidente que estão tentando nos comunicar algo muito importante.
Será que as dificuldades de aprendizagem são mesmo uma reação compreensível de crianças normais obrigadas a conformar-se às condições anormais das salas de aula convencionais? Em outras palavras, será que as escolas são incapazes de perceber a diferença entre simples relatos de erros de aprendizagem passageiros, agravados pelo estresse, e uma conclusão científica? Embora as supostas anomalias neurológidas nunca tenham sido identificadas, não é difícil detectar condições anormais no ambiente escolar: competitividade feroz, inatividade física (particularmente difícil para os meninos), matérias fragmentadas que têm pouca relação com os interesses e as experiências individuais da criança, freqüentes avaliações e questionamento do progresso do aprendizado, falta de tempo para o convívio familiar, pouca oportunidade de conhecer pessoas de outras idades, falta de sossego para a privacidade e a reflexão, pouca oportunidade de receber a atenção exclusiva dos professores, desencorajamento a compartilhar idéias e trabalho com os colegas de classe (uma oportunidade valiosa sendo desperdiçada), crianças frustradas caçoando das outras, o desencorajamento de atitudes de auto-valorização e acima de tudo a indignidade de ser um incapaz, uma "não-pessoa", cujas necessidades legítimas e as tentativas de expressar essas necessidades são abafadas pela defensiva institucional. Todas essas dificuldades podem ser evitadas com a escolarização domiciliar - desde que o governo permita autonomia suficiente.
Classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas "restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar" deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada", e tomar mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. Usando a Navalha de Occam, vamos procurar a teoria mais simples que explique os fatos e não a mais complicada e obscura. Um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente para explicar os problemas de aprendizagem. Não precisamos nos confundir com termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos.
Como devemos agir então? Norman Henchey, professor da Universidade MacGill, recomenda "repensar totalmente a escolarização compulsória". Norman Henchey defende a volta à escolarização em casa e a "outras vias de amadurecimento... programas de formação de aprendizes, serviços de ensino formais e informais, servico público". Talvez assim possamos honrar o estilo individual de aprendizado de cada criança e, como pede o Dr. Armstrong, "dar às crianças a motivação de que necessitam para se sentirem seres humanos competentes e bem-sucedidos". As crianças nasceram para aprencer. Elas merecem ter um ambiente de ensino seguro e estimulante, onde possam aprender em uma atmosfera de paciência, respeito, delicadeza e confianca, sem ameaças, coerção ou cinismo. Como Einstein nos alertou muitos anos atrás, "é um grave erro acreditar que o prazer de observar e pesquisar possam ser incutidos pela coerção".

Toda criança é uma criança bem-dotada.

Artigo de Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project"

22 julho 2011


Dia do Amigo, celebrado a 20 de julho, foi primeiramente adotado em Buenos Aires, na Argentina, com o Decreto nº 235/79, sendo que foi gradualmente adotado em outras partes do mundo.
A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Com a chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, ele enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o intuito de instituir o Dia do Amigo. Febbraro considerava a chegada do homem a lua "um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis".Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo, é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras, na teoria.No Brasil, apesar de não ser regulamentada por lei, o dia do amigo é comemorado popularmente em 18 de abril. No entanto, o país também vem adotando a data internacional, 20 de julho, sendo inclusive instituída oficialmente em alguns estados e município


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_amigo

02 julho 2011


Saberes e atitudes de alunos com deficiência

Os pequenos com deficiência sabem muitas coisas. Às vezes, até mais que os colegas.

A cada novo conteúdo a ser ensinado, de acordo com seu planejamento, você se depara com a tarefa de sondar quanto a turma já sabe sobre aquilo para determinar como levá-la a avançar. Quando há uma criança com deficiência na sala, a história não deve ser diferente. É preciso verificar também o que ela já conhece e seguir em frente com a etapas previstas. Mais do que se basear num diagnóstico médico que limite as possibilidades dela, proponha situações de aprendizagem desafiadoras para descobrir até onde ela pode chegar. 

Colocando o foco no aprendizado e considerando cada criança em suas particularidades, você evita a preocupação demasiada com os sintomas ou com a adequação do comportamento dela. "É muito complicado transportar um diagnóstico médico para a sala de aula. Ele ajuda, mas não pode ser um rótulo que se tenha de carregar e impeça o aprendizado", afirma Simone Kubric, educadora do Trapézio - Grupo de Apoio à Escolarização, em São Paulo. Não são raras as ocasiões em que o aluno supera as expectativas criadas pelos médicos, surpreendendo a todos com seu desempenho. Para investigar o que os alunos com algum tipo de deficiência já sabem, você pode usar as mesmas estratégias que prepara para os demais, desde que adote diferenciações adequadas a cada necessidade da criança. O importante é colocar todos os estudantes em contato com aquilo que pretende ensinar. A estratégia escolhida deve permitir que eles usem, durante a sondagem, informações e práticas já conhecidas. Os resultados dão uma ideia dos conhecimentos prévios de cada um, evitando que você proponha situações fáceis demais – e, portanto, desmotivantes – ou apresente algo exageradamente complexo, que os alunos, naquele momento específico, ainda não têm condição de se apropriar. Dada a aula, você tem pela frente a tarefa de avaliar o que todos aprenderam. Aqui é preciso evitar o erro de comparar crianças diferentes, ou querer nivelar o desenvolvimento da turma. Isso vale para crianças com e sem deficiência. O desempenho de cada aluno deve ser confrontado com o conhecimento prévio que ele tinha, levando em conta suas possibilidades individuais. "O correto é comparar cada aluno com ele mesmo", diz Silvana Lucena Drago, responsável pelo setor de Educação Especial da Diretoria de Orientação Técnica da prefeitura de São Paulo.

Avaliação de atitudes
Para que a avaliação do aluno com deficiência saia a contento, é importante ter em mente o que se quer que ele aprenda, quais são os objetivos que ele deve atingir e os conteúdos a dominar. Outra tarefa é determinar as metodologias e estratégias que serão adotadas. Nesse sentido, vale lembrar que todas as atividades oferecem elementos para avaliação. Atitudes muito simples, como se reunir em grupo, permanecer sentado na carteira, se alimentar, cuidar da higiene pessoal sozinho e utilizar os materiais escolares corretamente podem ser considerados grandes avanços para estudantes com deficiência intelectual. A observação de todos no dia a dia é sempre de grande valia para o professor.

"O educador não pode apenas procurar o que está errado no aluno. O importante é verificar o que ele foi capaz de aprender", diz Maria Tereza Esteban, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro. E, no caso das crianças e dos jovens com deficiência, pequenas atitudes são sempre indícios de progressos, mesmo que eles não apreendam todo o conteúdo que você tentou ensinar na sua disciplina.

Para acompanhar a aprendizagem das crianças, é preciso fazer registros diários sobre o desempenho delas e compilar os trabalhos que realizam em sala. Esse material pode ser transformado num portfólio (arquivo da produção dos alunos). A periodicidade com que esses registros são transformados em notas depende da política educacional de cada escola. Pode ser bimestral ou trimestral.

O importante é que esses progressos sirvam de instrumento para que você verifique o que cada um aprendeu e, especialmente no caso dos alunos com deficiência, planeje estratégias diferenciadas para que eles não parem de avançar. Essa verificação também servirá para o planejamento dos objetivos seguintes. Assim você sempre poderá determinar com mais segurança o que ensinar a cada etapa e qual a maneira mais apropriada de fazer isso.


Comportamento nas provas
A forma de se comportar no ambiente escolar, além de ser ensinada, precisa ser também avaliada. Um aspecto particularmente importante é como se portar durante uma prova. Nesses tempos em que as avaliações de sistemas estão se tornando cada vez mais frequentes, trabalhar essa questão com aqueles que apresentam deficiência ganha importância.

Alunos com deficiência das escolas municipais da capital paulista, por exemplo, já são submetidos à Prova São Paulo, que avalia os estudantes do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e Matemática. Para participar, os alunos com autismo, por exemplo, contam com a ajuda de um professor com quem tenham mais afinidade. As crianças com deficiência visual severa recebem a prova em braile ou fazem o exame com a ajuda de ledor e escriba. Na Rede Estadual de São Paulo, todos os alunos participam do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que serve de base para o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Mas algumas flexibilizações são contempladas, como no caso dos alunos com deficiência intelectual. Eles fazem a prova como os demais, na perspectiva da inclusão, mas as notas alcançadas por eles não são contabilizadas no resultado final do exame.Carla Soares Martin (novaescola@atleitor.com.br)
O que são os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD)?

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas que costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades.
Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.
Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam dificuldades em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem estabelecer contato por meio de comportamentos não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de movimentar-se junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e, eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus interesses de maneira diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só atividade, como observar determinados objetos, por exemplo.
Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem repetir as falas dos outros - fenômeno conhecido como ecolalia - ou, ainda, comunicar-se por meio de gestos ou com uma entonação mecânica, fazendo uso de jargões.

Como lidar com o TGD na escola?Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam diferenças e merecem atenção com relação às áreas de interação social, comunicação e comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de aprendizagem, esses alunos devem ser incluídos em classes com os pares da mesma faixa etária.
Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de convívio social são atitudes de extrema importância para garantir o desenvolvimento na escola. Boa parte dessas crianças precisa de ajuda na aprendizagem da autorregulação.
Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que ajuda no processo de aprendizagem desses alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e conte com a ajuda do profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Invista em ações positivas, estimule a autonomia e faça o possível para conquistar a confiança da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como 'porto seguro' e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o desenvolvimento
Paula Nadal

Mapa da pesquisa confiável na internet


Um guia para fugir das ciladas e encontrar informação relevante no universo virtuaL


No início deste ano, NOVA ESCOLA promoveu encontros com um grupo de professores para entender como os docentes procuram informações para suas aulas na internet. De modo geral, os educadores recorrem a dois campeões de audiência.
O primeiro, nenhuma surpresa, é o Google, líder no ranking de sites de busca, preferido por 92% dos usuários brasileiros. O segundo é a Wikipédia, enciclopédia colaborativa que atingiu, em fevereiro deste ano, a impressionante marca de 17 milhões de verbetes (680 mil deles em português).
Em termos de abrangência e agilidade, não há como competir com esses oráculos da vida moderna. Entretanto, quando o assunto é informação confiável, é preciso tomar alguns cuidados - não apenas nesses dois sites, mas em todo o ciberespaço. A seguir, um guia com lições sobre o que, como e onde pesquisar ajuda a melhorar a qualidade de suas buscas virtuais.

1. Identificar a informação confiável
Algumas pistas que indicam se a informação é digna de crédito estão no próprio texto. A primeira delas: o autor está identificado? Se está, é sinal de que ele se responsabiliza pelo que escreveu. Verifique também se a pessoa é especialista no tema. Notoriedade não garante a veracidade, mas transmite mais respaldo ao escrito.
Quando o assunto é Educação, uma busca pelo currículo acadêmico na Plataforma Lattes ajuda a mostrar o que, de fato, o autor produziu. Outro caminho é verificar o cuidado no uso da língua. "Um site que não respeita as regras básicas do idioma demonstra desleixo com a apresentação dos dados", diz Luciana Maria Allan, diretora-técnica do Instituto Crescer, em São Paulo, entidade especializada em estratégias de aprendizagem no mundo digital.
Confira também as provas de veracidade da informação, que demonstram a autenticidade do que se diz: há relatos e testemunhos? Os entrevistados têm nome e sobrenome ou estão escondidos sob expressões como "especialistas afirmam"? Por fim, é preciso atentar à data de publicação. Mesmo acontecimentos históricos estão sujeitos a revisões e a novas descobertas, o que pode invalidar explicações antigas.

2. Avaliar a qualidade das opiniões
Fala-se muito na necesidade de distinguir informação de opinião. Mas, na prática, essa é uma tarefa das mais difíceis, já que a linha que separa uma coisa da outra, na maioria dos textos, não existe. "Quem redige toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições pessoais, seus hábitos e suas emoções", reconhece o Manual da Redação do jornal Folha de S.Paulo. Ainda assim, vale evitar textos fortemente adjetivados.
Como regra, opiniões devem estar baseadas em argumentos e evidências. Perceber os interesses do autor também é fundamental. É ingênuo pensar, por exemplo, que um fabricante de remédios trará dados imparciais sobre seus produtos. Sobre o posicionamento do autor, note o seguinte: ele se distancia das fontes com expressões como "segundo" e "de acordo com"? Abre espaço para opiniões contrárias, contestações e dúvidas sobre as conclusões? Em debates polêmicos ou em questões não plenamente desvendados pela ciência, isso é essencial.
3. Questionar o primeiro resultado do Google
Os detalhes de como o Google ranqueia os sites durante uma busca são mantidos em sigilo. Sabe-se que a lista se baseia numa fórmula com dezenas de variáveis, como o número de acessos e a quantidade de links apontando para a página. Como a confiabilidade não é uma preocupação central, algumas empresas contratam especialistas em programação para turbinar sua posição na lista.
A revista Exame de 6 de abril ilustrou essas artimanhas com um exemplo: ao digitar "cirurgia plástica" no Google, o site de Ivo Pitanguy - uma das maiores autoridades na área - aparece apenas no final da terceira página de resultados. No topo, médicos em início de carreira e empresas que financiam intervenções estéticas.
Moral da história: o primeiro nem sempre é o melhor, muito menos o mais crível. Para encontrar o que se deseja, pode ser necessário clicar em várias páginas - ou, ainda, refinar a forma como se busca a informação.

4. Extrair o máximo de sua pesquisa
O próprio Google ensina a sofisticar suas investigações. Na página inicial, se você clicar em "pesquisa avançada", encontrará opções de busca com todas as palavras digitadas, apenas no idioma escolhido, por tipo de arquivo (.doc, .pdf) e assim por diante. Na maioria das vezes, não é preciso ir tão longe. Basta digitar as palavras buscadas entre aspas - a pesquisa só trará páginas em que elas apareçam juntas.
Para dar uma ideia, os termos Educação especial, sem aspas, retornam 6 milhões de resultados. Com elas, "apenas" 1,1 milhão. Outra estratégia é filtrar os resultados pelos sites que você já sabe que são confiáveis.
A forma mais simples de fazer isso é digitar a expressão entre aspas e, em seguida, o nome do site. Por exemplo, a busca "Jean Piaget" "nova escola" retorna principalmente reportagens da revista sobre o pesquisador suíço.
5. Usar a Wikipédia com sabedoria
Não dá para ignorar a utilidade da Wikipédia, mas é preciso utilizá-la com cuidado. Como são os próprios internautas que alimentam seu conteúdo e não existe uma checagem oficial feita pelo site, pode haver informações erradas. Para se prevenir, a enciclopédia desenvolveu uma política de verificabilidade, cujo preceito principal é que os verbetes devem conter as referências de onde a informação foi tirada - revistas, jornais, periódicos científicos etc.
Quando os artigos não possuem essas citações (indicadas no fim da página como "notas e referências"), internautas podem sinalizá-los com uma marcação antes do texto: "Esta página ou seção não cita nenhuma fonte ou referência". Olho aberto para artigos com esse e outros símbolos, como "artigo controverso" (para textos excessivamente parciais) e "artigo ou seção que podem conter informações desatualizadas".
Para saber como determinado verbete chegou à sua forma atual, clique em "ver histórico", na parte superior da tela, onde estão todas as mudanças feitas no texto.

6. Recorrer a bases e fontes conhecidas
A palavra-chave aqui é a checagem da informação. Se ela está na base de dados de uma universidade ou faz parte de uma publicação acadêmica, provavelmente passou pelo crivo de especialistas no tema. Se está num meio de comunicação respeitado, passou ao menos pela checagem do editor.
Lúcio França Telles, professor da Universidade de Brasília (UnB), alerta para o uso do popular Yahoo Respostas, em que os textos dos internautas não passam por nenhuma conferência. Melhor recorrer ao Google Acadêmico, que busca resultados apenas em livros e periódicos universitários, ao Scielo e ao portal de periódicos da Capes, bibliotecas virtuais com artigos, livros, enciclopédias e obras de referência.
Para os alunos, vale indicar a respeitável Enciclopédia Britannica. Não custa lembrar ainda que, quando o assunto da busca é Educação, o nosso site é um grande aliado.

Fabiana Sayeg (novaescola@atleitor.com.br)
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/mapa-pesquisa-confiavel-internet-tecnologia-629250.shtml

Pensadores da Educação nos últimos 200 anos


1.    John Dewey (1859-1952), filósofo, tornou-se um dos maiores pedagogos estadunidenses, contribuindo intensamente para a divulgação dos princípios do que se chamou de Escola Nova.
2.    Auguste Comte (1798-1857), francês, fundador do positivismo, que tem como objetivo reorganizar o conhecimento humano, teve grande influência no Brasil.
3.    Ovide Decroly nasceu em 1871 e morreu em 1932. Sua obra educacional destaca-se pelo valor que colocou nas condições do desenvolvimento infantil; destaca o caráter global da atividade da criança e a função de globalização do ensino.
4.    Maria Montessori nasceu na Itália, em 1870, e morreu em 1952. Formou-se em medicina, iniciando um trabalho com crianças anormais na clínica da universidade, vindo posteriormente dedicar-se a experimentar em crianças sem problemas, os procedimentos usados na educação dos não normais.
5.    Celestin Freinet (1896-1966), crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador, na França, do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular.
6.    Carl Rogers nasceu em Chicago  em 1902. Formado em História e Psicologia, aplicou à Educação princípios da Psicologia Clínica; foi psicoterapeuta por mais de 30 anos.
7.    Paulo Freire. Nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente. Há mais textos escritos em outras línguas sobre ele, do que em nossa própria língua.
8.    Emilia Ferreiro, psicóloga e pesquisadora argentina, radicada no México, fez seu doutorado na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget. Na Universidade de Buenos Aires, a partir de 1974, como docente, iniciou seus trabalhos experimentais, que deram origem aos pressupostos teóricos sobre a Psicogênese do Sistema de Escrita, campo não estudado por seu mestre, que veio a tornar-se um marco na transformação do conceito de aprendizagem da escrita, pela criança. Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e seminários. Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da obra  de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível.
9.    Rudolf Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861 em Kraljevec (Áustria). Apesar de seu interesse humanístico, despertado ainda na infância por uma sensibilidade para assuntos espirituais, cumpriu em Viena, a conselho do pai, estudos superiores de ciências exatas. Por seu desempenho acadêmico, a partir de 1883 tornou-se responsável pela edição dos escritos científicos de Goethe na coleção Deutsche Nationalliteratur.
10. Anísio Spínola Teixeira nasceu em Caetité (BA), em 12 de julho de 1900, numa família de fazendeiros. Estudou em colégios jesuítas em Caetité e em Salvador. Em 1922, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro.
11. Lourenço Filho é um educador brasileiro conhecido sobretudo por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova. Foi duramente criticado por ter colaborado com o Estado Novo de Getúlio. Sua obra nos revela diversas facetas do intelectual educador, extremamente ativo e preocupado com a escola em seu contexto social e nas atividades de sala de aula.
12. Anton Makarenko (1888-1939), educador ucraniano, criou um modelo de escola para jovens infratores baseado no trabalho e na disciplina, na vida em grupo e na autogestão, contribuindo decisivamente para a recuperação de milhares de crianças e jovens infratores e marginalizados, transformando-os em cidadãos.
13. Howard Gardner. Observando crianças, o psicólogo estadunidense percebeu o que hoje parece óbvio: nossa inteligência é complexa demais para que os testes escolares comuns sejam capazes de medi-la.
14. Alexander Sutherland Neill, educador, escritor e jornalista, fundador da Summerhill School, na Inglaterra. Sua escola tornou-se ícone das pedagogias alternativas ao concretizar um sistema educativo em que o importante é a criança ter liberdade para escolher e decidir o que aprender e, com base nisso, desenvolver-se no próprio ritmo.
15. Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suiça em 1896 e faleceu em 1980. Escreveu mais de cinqüenta livros e monografias, tendo publicado centenas de artigos. Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Como epistemólogo, investigou o processo de construção do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático.
16. Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896,  viveu na Rússia e morreu com 37 anos. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
17. Henry Wallon. Nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e  ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a educação.
18. Antônio Gramsci, filósofo, jornalista e socialista italiano, viveu na Itália fascista de Mussolini.  Sua obra, em parte desenvolvida no longo cárcere, constitui-se numa teoria política que pode ser considerada como uma das grandes contribuições filosóficas contemporâneas  à crítica e à luta social pela transformação da sociedade capitalista.
19. Francisco Ferrer. Para ele, o ensino deve ser uma força a serviço da mudança: "Queremos homens capazes de evoluir incessantemente, capazes de destruir, renovar constantemente os meios e renovar-se a si mesmos".
20. William Godwin. Uma das características inerentes à mente humana é a sua capacidade para crescer. E, no momento em que o indivíduo resolve manter-se fiel a determinados princípios, levado por razões que agora escapam mas que foram importantes no passado, ele está renunciando a uma das mais belas qualidades do homem. Pois o instante em que desiste de indagar é o instante em que morre intelectualmente.
21. Ivan Illich, austríaco, passou a trabalhar no México a partir de 1962, propôs a desescolarização da sociedade. Segundo ele, a maior parte dos conhecimentos úteis se aprendiam fora da escola, em contato com as realidades familiares, sociopolíticas e culturais.
22. Émile Durkheim, sociólogo (1858-1917): a educação atua como agente de mudanças, ou seja, provocador de modificações sociais e culturais na sociedade envolvente. Assim, os educadores, principalmente os do ensino fundamental, poderiam promover modificações no comportamento individual dos alunos e, por meio deles, na sociedade.
23. Édouard Claparède (1873-1940), cientista suíço, defendeu a necessidade do estudo do funcionamento da mente infantil e do estímulo na criança para um interesse ativo pelo conhecimento
24. Louis Althusser. A escola-família substitui o binômio igreja-família como aparelho ideológico dominante. É a escola obrigatória durante muitos anos, na vida do ser humano.
25. Lawrence Stenhouse (1926-1982), educador inglês. Para ele, todo professor deveria assumir o papel de aprendiz, pois quem mais precisa aprender é aquele que ensina. Stenhouse foi pioneiro em defender que o ensino mais eficaz é baseado em pesquisa e descoberta.
26. Pierre Bordieu: toda ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica enquanto imposição por um poder arbitrário. A ação pedagógica tende à reprodução cultural e social simultaneamente.
27. Pierre Lévy. Toda e qualquer reflexão séria sobre o devir dos sistemas de educação e formação na cybercultura deve apoiar-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber.
28. Fredric M. Litto. Aprender e responder de forma apropriada. É o terreno da Educação. Não a visão restrita da Educação delimitada pela sala de aula, mas do conceito de que a aprendizagem ocorre não apenas num local geográfico chamado "escola", mas que é um estado da mente.
29. Alvin Tofler: "A nova educação deve ensinar o indivíduo como classificar, reclassificar a informação, como avaliar a veracidade, como mudar as categorias quando necessário, como mover do concreto para o abstrato e vice-versa, como olhar um problema de maneira nova, como se ensinar. Amanhã o iletrado não será o homem que não pode ler mas será o homem que não apreendeu como apreender"
30. Dermeval Saviani: "enquanto prevalecer na política educacional a orientação de caráter neoliberal, a estratégia da resistência ativa será nossa arma de luta. Com ela, nos empenharemos em construir uma nova relação hegemônica que viabilize as transformações indispensáveis para adequar a educação às necessidades e aspirações da população brasileira".
31. Jacques Delors (1998), aponta como principal conseqüência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda a vida (Lifelong Learning) fundada em quatro pilares (Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver juntos, Aprender a ser) que são ao mesmo tempo pilares do conhecimento e da formação continuada.
32. Humberto R. Maturana e Francisco J. Varela. O ponto de partida de A Árvore do Conhecimento é surpreendentemente simples: a vida é um processo de conhecimento; assim, se o objetivo é compreendê-la, é necessário entender como os seres vivos conhecem o mundo.
33.  Philippe Perrenoud. Hoje em dia, a escola mal consegue fazer com que todos compreendam o interesse em saber ler ou contar. O que dizer, então, de saberes cuja utilidade não é fácil de imaginar, como a álgebra, a biologia, a história, a filosofia? A escola continua muito despreparada diante dos alunos que não têm interesse em "encher a cabeça de coisas inúteis" e que não percebem o poder e o prazer que esses saberes poderiam lhes trazer.
34. Michel Foucault: na sociedade disciplinar, o indivíduo torna-se dócil, auto-regulado em sua submissão a um dispositivo de vigilância, por vezes real, por vezes virtual. No panopticon cada prisioneiro aprende a desempenhar seu papel de prisioneiro diante de um olhar hipotético e a desempenhá-lo bem.
35. Edgar Morin: O papel da educação é de nos ensinar a enfrentar a incerteza da vida; é de nos ensinar o que é o conhecimento, porque nos passam o conhecimento mas jamais dizem o que é o conhecimento. E o conhecimento pode nos induzir ao erro. Todo conhecimento do passado, para nós, são as ilusões. Logo, é preciso saber estudar o problema do conhecimento. Em outras palavras, o papel da educação é de instruir o espírito a viver e a enfrentar as dificuldades do mundo.
36. César Coll: "A realidade sociocultural e econômica do aluno influencia em seu desempenho, assim como as condições de trabalho do professor e o aparato que o sistema oferece para ele formar-se e aprimorar sua prática."
37. Darcy Ribeiro: a saída para reduzir a injustiça social brasileira era uma escola com no mínimo seis horas diárias de atividades e funções que fossem além do ensino e da aprendizagem. Ele imaginava um espaço de instrução, orientação artística, desenvolvimento das ciências, assistência médica, odontológica e alimentar e práticas diárias orientadas, como tomar banho ou escovar os dentes. E, principalmente, um local para formar o cidadão crítico.
38. Antonio Nóvoa. Manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador. Concluir o Magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo aprender.
39. Roberto Freire. Nas ditaduras, o poder é tomado pelas armas, pela fome e pela morte. O capitalismo se utiliza da democracia para chegar ao poder pela compra dos votos e pela corrupção da Justiça. De qualquer modo, sempre autoritarismo e violência na gênese do poder. Mas a manutenção do poder de Estado nas ditaduras ou nas democracias capitalistas é garantida não mais diretamente pelas armas e pelo dinheiro. Vem sendo garantida pela família e pela escola, por meio da pedagogia autoritária, apoiada e estimulada pelo Estado autoritário.
40. Bernardo Toro, colombiano, sintetizou as sete competências básicas que devem ser desenvolvidas nos alunos: dominar as linguagens utilizadas pelo homem, saber resolver problemas, analisar e interpretar fatos, compreender o entorno social e atuar sobre ele, receber criticamente os meios de comunicação, localizar e selecionar informações, planejar e decidir em grupo.
41. Enrique Dussel, argentino, considera que o processo de pedagogia tem que passar pelo próprio homem, uma vez que ele é o próprio agente histórico da libertação.
42. Florestan Fernandes, brasileiro, discutiu aspectos da realidade brasileira que ampliam nossa possibilidade de compreensão dos impasses da educação pública no Brasil.
43. Miguel A. Zabalza, especialista em didática e organização escolar, é presidente da Associação Iberoamericana de Didática Universitária.
44. Isabel Alarcão, com base nas idéias do filósofo norte-americano Donald Schön (1930-1997) sobre teoria e prática da aprendizagem, que levaram ao conceito de "professor reflexivo", ela formulou a proposta da "escola reflexiva", que caracteriza uma instituição em processo de constante aprendizagem.
45. Loris Malaguzzi. O trabalho dos educadores, na forma de parceria com as crianças, deve ser orientado pela busca incessante da descoberta e da construção do conceito de civilidade, em comunidade de aprendizes pautada pela interdependência e pelo contínuo ajuste de procedimentos e metas.
46. Gilles Brougère. A distância entre a cultura infantil contemporânea e a escola se deve, na sua análise, ao desconhecimento e preconceito de educadores. .
47. Anne-Marie Chartier. O papel do educador como mediador de leitura, crucial na educação infantil e no ensino fundamental, é um dos pontos-chave de seu trabalho.
48. Antoni Zabala. Para que os alunos possam enfrentar a complexidade da realidade contemporânea, ele propõe que a escola promova o "pensamento complexo" sob "enfoque globalizador".
49. Bernard Charlot acredita que a escola deveria, inicialmente, trazer questionamentos e, só mais tarde, o conhecimento propriamente dito