30 agosto 2011


Papo-cabeça Pra Pensar


A casa fica ao lado de seu antigo restaurante, que fechou. Jardim, árvores. Rubem Alves nos recebe com alegria. Nasceu a 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas. A família se mudou para o Rio em 1945. Colegas zombavam de seu sotaque. Buscou refúgio na religião. Teve aulas de piano. Estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP) e iniciou carreira como pastor.

Tem três filhos. É mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary, de Nova York. Com o golpe militar de 1964, perseguido como subversivo, abandona a Igreja Presbiteriana e volta aos Estados Unidos. Torna-se doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary. Considera a tese de doutoramento, Uma Teologia de Esperança Humana (1969, Corpus Books), “um dos primeiros brotos” da Teologia da Libertação.

Volta para o Brasil e, em 1973, vai para a Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Fez-se psicanalista.

É admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, José Saramago, Friedrich Nietzsche, T. S. Eliot, Albert Camus, Santo Agostinho, Jorge Luis Borges, Fernando Pessoa. Num de seus livros, Estórias de Quem Gosta de Ensinar, investe contra os vestibulares.

Conversamos quase duas horas sobre educação. Tem idéias instigantes, ditas com humor: “A escola tradicional é um amontoado louco de absurdos”.

Aos colegas educadores, lança: “Saber o programa é saber o saber cristalizado, mas a vida faz perguntas que você não imagina”.

Entrevistadores - A Unesco divulgou um dado ruim para nós: cerca de 30% das crianças de 7 a 16 anos estão fora da escola.

Rubem Alves - Vou dizer mais, a escola não tem o menor sentido para elas. Há três tendências na educação, talvez mundial. A primeira é da escola tradicional, é um amontoado louco de absurdos. Diretoras acham que são guardiãs do patrimônio do Estado. Conheço bibliotecas que são trancadas, para as crianças não “estragarem” os livros. Umas coisas malucas.

Estou escrevendo a história do menininho cujo pai diz: “— Você precisa ir para a escola. O que você vai ser?”. “— Eu quero ser eu.” Ele, no primeiro dia, aprende coisas fantásticas. Depois descobre que há hora certa para pensar, é o que diz a campainha: “Agora você vai pensar português 45 minutos”; toca a campainha: “Agora pensa matemática”. É o modelo da linha de montagem. Você toma por assentado que todas as crianças são a mesma estrutura básica. Não respeita as peculiaridades, que as crianças são diferentes.

Essa idéia de que todo mundo tem que aprender para fazer prova. Com isso, a gente está destruindo coisas fantásticas.

Acabei de voltar de Fortaleza e tinha uma bandinha de flautas com crianças. Fiquei encantado com o maestro, serviço voluntário, não ganha um tostão. E ele tinha apenas 18 anos. As crianças adoram, e agora ele quer ensinar em outra cidade. Qual é o lugar de um sujeito desse na educação? Não existe.

O segundo caminho é de educação através da Internet. Não existe mais conceito de hora de aula. Quem é que dá aula? Você pode ir à Internet às três da manhã. Tem a liberdade de procurar o que quer. Só tem um problema: educa para o mundo rico. O povo lá de beira-rio, ainda que tenha computador, não tem nada para eles.

Uma terceira alternativa que vejo com alegria é que estão pipocando coisas. Parece que os professores estão cheios, e coisas interessantíssimas estão surgindo sem ter nada a ver com Internet, com governo. Em Tocantins, a 400 quilômetros de Palmas, crianças e professores começaram a desenvolver um programa com os velhos. Aqueles que trabalham na enxada, analfabetos. Os velhos contam histórias de antigamente, brinquedos antigos, e eles vão ensinar para os velhos o quê? Pelo computador, eles descobriram que não precisam pegar na caneta para escrever. Basta bater o dedo na tecla, a letra aparece. Estão alfabetizando os velhos através de computador.

Noutra cidadezinha, fizeram um programa: troque uma leitura por um saco de mangas. Fizeram uma espécie de lojinha, com textos pendurados no barbante. A pessoa lê e depois tem que escrever um parágrafo sobre a história. Ganha um saco de manga.

Outra, a biblioteca ambulante. Pegam um carrinho de pedreiro, enchem de livros, vão para as ruas da periferia, fazem uma barulheira, distribuem livros, que coisa linda!

- A gente, em geral, acha que conhecimento não precisa necessariamente ter função. Não é interessante, sim, ter essa motivação, para que o conhecimento se cristalize?
RA - Recebi e-mail de uma professora pedindo dicas de como motivar as crianças a aprender. Disse a ela: “Tem um erro na sua pergunta. Pergunte: ‘O que a gente tem que fazer para motivar uma criança a tomar sorvete?’ Nada. O sorvete já é motivação suficiente. ‘O que tem que fazer para motivar uma criança a comer jiló?’. Muita coisa.” Quando você vem com a idéia da motivação exterior é porque alguma coisa está errada com o objeto. A criança não quer aprender aquilo. Isso é da vida. Tudo aquilo que significa desafio vital, a gente quer aprender. Um exemplo bem besta: se você estiver com uma pedra no sapato, sua vida mental se centraliza naquele ponto e você quer tirar o sapato. A mesma coisa com o conhecimento; se você tem uma necessidade, você logo começa: “O que eu vou fazer?”

Se eu fosse fazer um currículo, um ambiente a ser explorado seria uma casa. Veja, nessa sala, o que tem de física aqui? Os materiais. Logo de saída você tem papel, madeira, plástico, couro, vidro, pedra. Se você começar a trabalhar isso, tem um mundo de coisas que aprende. Física mecânica: uma criança de seis anos, se você colocar um prego, uma cabeça de martelo em cima e perguntar se vai pregar o prego, ela vai dizer que tem de bater. Enunciou uma lei da física: força igual à massa vezes aceleração. As coisas são óbvias. As crianças vão aprender a fazer coisas. Geometria, está tudo aqui: fio de prumo, nível; no madeiramento, você descobre a lei de composição de forças. Biologia, a vida, galinhas e passarinhos.

E - Você ia contar algo com que sonha há algum tempo.
RA - Meu sonho era ter um currículo voltado para a casa. Uma coisa que não seja decorar nome. Qual é o sentido para um adolescente de periferia aprender o nome das enzimas que ajudam na digestão? O que ele faz com esses nomes? Só tem uma resposta: serve para responder na prova. A coisa que tem sentido é aquilo sobre o que a gente fala. Se não falar sobre aquilo, não é conhecimento. Também quero saber o cotidiano. A cozinha é lugar maravilhoso para se aprender química.

Proponho que os vestibulares sejam substituídos por um sorteio. A idéia surgiu na Unicamp. A gente queria aluno que pensasse, e não que soubesse respostas. Porque não existe nada mais contrário à inteligência do que saber as respostas. A inteligência se testa pela capacidade de fazer perguntas. Um amigo engenheiro, virou e disse: “O melhor seria um sorteio”. Caí na risada. Comecei a pensar e escrevi.

O problema do vestibular é o que ele faz com a escola. Porque o vestibular é que realmente determina os padrões de conhecimento. Tem que ser uma escola que resolva as questões dos vestibulares. Se você acabasse com o vestibular e fosse sorteio, as escolas saberiam que poderiam ensinar qualquer coisa que não está no programa, porque não vai ter exame. Pode ensinar a vida. Pode ensinar literatura sem ter que fazer teste de compreensão, que é absurdo.

Todo mundo reclama que os adolescentes não gostam de ler. Eles têm razão, porque a escola ensina a odiar a leitura, fazendo aqueles malditos testes de interpretação. Começa: o que o autor queria dizer? Então, pegamos a Cecília Meireles: “No fundo dessa fria luz marinha, nadam aos meus olhos dois baços peixes à procura de mim”. Quando faço essa pergunta, estou afirmando que ela queria dizer, mas não disse. Já estou acusando o escritor de indigência lingüística. Pobre Cecília, ela queria dizer, mas gaguejou, saiu esse poema, mas agora, graças à gramática, vou fazer a Cecília dizer o que queria mas não conseguiu. Mas, escuta, nenhum escritor quer dizer nada. O escritor diz. Se quisesse dizer outra coisa, diria outra coisa.

Isso é tão óbvio. Não precisa Piaget. Aliás, acho que essa quantidade de teoria bagunça a cabeça dos professores. Um resultado trágico é que quem passa pela universidade perde a capacidade de pensar. Na Unicamp, me nomearam presidente de uma comissão para selecionar candidatos ao doutoramento. Esses infelizes recebem uma lista de livros, passam um tempão se preparando. Combinei com meus companheiros propor a todos uma só questão: “Fale-me sobre aquilo que você gostaria de falar”. Uma moça entrou em surto psicótico. Deve ter achado que era gozação. Começou a recitar livros marxistas e interrompi: “Já li os livros, não quero que você me repita. Não sei o que está na sua cabeça, quero que você me diga”. Ela não conseguiu.

E - Hoje temos um índice enorme de desistência nas escolas.
RA - Porque não faz sentido. Precisamos reconhecer que existe uma diferença entre o pessoal de classe média e alta e o pessoal de periferia. O pessoal que está nesses colégios que apertam tem uma coisa na frente, que é tola, mas eles têm: passar no vestibular. Quando o pessoal fica nos semáforos porque passou no vestibular, abaixo o vidro do carro e olho sério: “Sou professor emérito da Unicamp. Não vou dar dinheiro, mas vou dar um dinheiro que pode salvar sua vida. Salve-se enquanto é tempo!”

Que garantia um diploma me dá hoje? Essa proliferação de faculdades e universidades pode dar a impressão de que o Brasil, repentinamente, ficou inteligente. Os pais ficam na ilusão de que diploma dá segurança ao filho. As pessoas não percebem que tem diplomado demais, e não tem emprego. Por isso, ao lado dessas disciplinas nas universidades, as pessoas deveriam aprender um ofício. Meu filho é médico e marceneiro. Primeiro, que é bom. Pedreiro, jardineiro, cozinheiro. Vá aprender um ofício, porque não tem garantia.

O pessoal que pode pagar as contas não desiste, porque tem essa esperança de ascensão. Nas classes periféricas, por que fazem o curso? Não estudam para ter saberes que não interessam, mas precisam daquele título para conseguir um emprego melhor.

E - O que você acha das cotas nas universidades?
RA - Uma besteira monumental. Os pretos vão começar a ser odiados. Imagine, você chegou ali, não entrou porque era a hora da cota. Minha solução é melhor: não vai ter cota para ninguém, mas todos, igualmente, rico, pobre, preto, branco, gay, lésbica, o diabo a quatro, todo mundo entra no sorteio.

Gosto muito do Cristovam Buarque, é um cara aberto, mas de duas idéias dele não gosto. Uma é simplificar o vestibular, tendo só Matemática e Português. É aprimoramento dos métodos de tortura. Em vez de você passar por várias máquinas de tortura, vai passar por duas. Você imaginou o prazer dos gramáticos em multiplicar as doideiras para atormentar os estudantes? Traria ódio ao Português, à Matemática, e desprezo pelas ciências que não entram. Outra que não concordo é usar as notas médias do segundo grau para entrar na universidade. Tem um problema: quero ganhar dinheiro, vou fazer uma escola e prometo dar nota 10 e 9 para todo mundo. O Ministério vai ter que fazer credenciamento das escolas dignas.

Há mais de 30 anos, um intelectual brilhantíssimo, católico, Ivan Illitch, escreveu A Sociedade Sem Escolas. A proposta dele é que tem que haver lugares para aprendizagem. Vamos dizer, um supermercado de saberes. Você vai organizar o seu currículo. Por sua conta. Não precisa presença.

A idéia do Ivan: não interessa como aprendi. “Aprendi tudo no sonho, sonhei e aprendi. O que você tem com isso?” Há de haver um teste. Uma validação do conhecimento. Claro. Mas não durante o curso. Quer ser advogado? Não me interessa se estudou numa escola. Vai fazer o exame da Ordem dos Advogados. Médico? Há uma coisa que não está nos livros, a prática. Nesse caso, você tem que enfrentar as aulas de prática médica.

- É possível essa escola?
RA - Vou dar outro exemplo. Na nossa escola, se você viveu nos Estados Unidos, fala inglês melhor que o professor, mesmo assim tem que estudar “John is a boy, Mary is a girl”; se não estudar isso, não freqüentou a aula. A burocracia é a heresia moderna. O Evangelho diz: “No princípio era o verbo”. A burocracia diz: “No princípio é o relatório”. Se você não está lá nos 75% de presença, você não sabe. A realidade não existe, o que existe é o relatório.

Acho que uma escola dessa, com esse jeito de aprender, é viável e funcionaria. Mas não acredito que vá acontecer, porque há a força inercial das burocracias.

- Ziraldo costuma dizer que ler é mais importante que estudar.
RA - De vez em quando, uma pessoa me manda pergunta do tipo: o que fazer para desenvolver o hábito da leitura? Deus me livre, não quero hábito da leitura. Hábito é para escovar dente, cortar a unha do pé, tomar banho. Já imaginou um curso para ensinar os maridos a terem o hábito de dar beijinhos na esposa? O cara que dá beijinho por hábito é um robô. A leitura é por puro prazer. Essa é uma razão por que, em relação à leitura, não pode haver exame. Porque se você souber que tem que fazer exame, já não tem o prazer. Vai ler um texto e fica pensando: o que será que o professor vai perguntar? Literatura é vagabundagem. Insisto, puro ócio. Perco tempo lendo García Márquez, mas por que leio? Porque é absolutamente delicioso.

Para simplificar minha teoria, digo que a educação se divide em duas partes. Para explicar as duas partes, digo que o corpo é o sujeito da educação. Não é a cabeça, pois ela é ferramenta do corpo. O corpo sofre e pergunta à cabeça o que fazer para parar de sofrer.

O corpo carrega duas caixas. Uma, de ferramentas, precisa saber martelar, pregar botão, fazer arroz, ler, escrever, falar, somar, multiplicar, ferramentas que aprendo na medida em que há desafios. Não adianta tentar me ensinar a usar solda elétrica, não vou nunca mexer. O que as escolas fazem? Ensinam todas as ferramentas. Têm que ensinar uma ferramenta em relação a determinado problema que você tem. Você vai aprendendo a usar na medida em que a vida vai se desenvolvendo.

A outra caixa é a dos brinquedos. Por que, sendo inútil, a gente mexe com ela? Porque é delicioso. Aí está: escutar música, tocar flauta, ler poesia, empinar pipa, fazer amor, dar beijo, comer. Tem o prazer e a alegria.

A primeira caixa dá meios de vida, a segunda caixa me dá razões para viver. Essa segunda caixa é a que a escola não ensina. Porque logo faz a besteira de tentar transformar esses saberes, esses sabores, em provas. Você tem que avaliar quanto aprendeu sobre Van Gogh e Mozart. Não é possível fazer isso.

E - Em suas palestras, você sente que esclarece ou confunde os educadores?
RA - As duas coisas são necessárias. Há um sentido em que você tem que produzir caos. Nietzsche dizia: “É preciso ter caos dentro de si para dar luz a uma estrela”. Você tem que bagunçar. Coisas que os professores nunca pensaram: por que tem que aprender dígrafo? Qual é a utilidade de análise sintática? Você vai fazendo as perguntas, e eles se dão conta do bestiário.

Uma coisa excelente para descobrir é que, como professor, você não precisa saber o programa. Você saber o programa é saber o saber cristalizado, mas a vida faz perguntas que você não imagina: por que água fervendo endurece o ovo e amolece a cenoura? Isso é pergunta de uma criança. Não está no programa.

Vamos pensar. Daí o professor descobre que pode ser companheiro da criança na diversão de aprender as coisas.

Claro que uma porção de gente fica horrorizada quando falo essas coisas de vestibular. Falo mal dessa proliferação de faculdades, uma enganação. Aqui em Campinas tem não sei quantas universidades, que droga, e não lidamos com problemas básicos da cidade.

A melhor coisa para a gente mudar a cabeça das pessoas não é falando teoria. Precisa fazer. Se você conta a história bem-sucedida, os professores pensam: “Isso é possível. Se é possível lá, é possível aqui”.


EntrevistadoresElifas Andreato, João Rocha, Laura Huzak Andreato,
Mariana Proença e Mylton Severiano (por escrito). Fotos: Manoel Marques



Enciclopedinha do Papo:

Adélia Prado, 1935-: grande poetisa mineira; autora, entre outros, de Bagagem (1976) e O Coração Disparado (1978).

Albert Camus, 1913-1960: jornalista, ensaísta, romancista e dramaturgo: nasceu na Argélia e é autor, entre outros, de O Estrangeiro (1942).

Cristovam Buarque, 1944-: pernambucano, engenheiro mecânico e economista, ex-reitor da Universidade de Brasília – UnB, e ex-ministro da Educação.

Fernando Pessoa, 1888-1935: escritor e poeta português, inaugurou a escola modernista em seu país.

Friedrich Nietzsche, 1844-1900: filósofo alemão, crítico do cristianismo e defensor do homem como criador de seus próprios valores. Autor de Assim Falou Zaratustra e O Anticristo.

Guimarães Rosa, 1908-1967: grande escritor mineiro; autor, entre outros, do romance Grande Sertão: Veredas (1956).

Ivan Illich, 1926-2002: filósofo italiano que morou no México e incentivou a universidade aberta, especialmente voltada para os problemas da educação e independência cultural da América Latina.

Jean Piaget, 1896-1980: educador suíço, pioneiro no estudo da inteligência na criança.

Jorge Luis Borges, 1899-1986: escritor argentino. Autor de História Natural da Infâmia (1935), entre outros, deixou seguidores como Gabriel García Márquez.

José Saramago, 1922-: um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos. É autor, entre outros, de Ensaio sobre a Cegueira (1995).

Manoel de Barros, 1916-: advogado, fazendeiro e poeta mato-grossense. Seu primeiro livro foi Poemas Concebidos sem Pecado (1937).

Mozart, 1756-1791: músico austríaco, grande compositor de sinfonias; concertista, deixou quase 800 obras.

Octávio Paz, 1914-1998: poeta mexicano, um dos maiores da América Latina, publicou mais de vinte livros, entre eles, Luna Silvestre (1933).

Santo Agostinho, 354-430: escritor africano, autor de grandes obras como A Cidade de Deus (413-427) e As Confissões (397).

T. S. Eliot, 1888-1965: poeta, crítico, ensaísta e dramaturgo naturalizado inglês; ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1948.

Van Gogh, 1853-1890: pintor holandês, pós-impressionista, inovou no uso de cores vivas.



Almanaque Brasil de Cultura Popular. Edição 56 - Novembro/03. Papo-cabeça Pra Pensar

Lendo e aprendendo


O menino pintor


O texto seguinte “fala” sobre o papel do professor em relação ao ato imaginativo do aluno: “O Menino Pintor”, escrito por Púllias e Young Earl, discute questões necessárias à reflexão em torno de ações educativas.
Pense: É melhor ganhar sempre o peixe do pescador ou aprender com o pescador a pescar? Após a leitura, comente com os seus “botões”.

O menino pintor

Era uma vez um menino que ia à escola
Ele era bastante pequeno
E ela era uma grande escola.
Mas quando o menino descobriu que podia ir à sua sala caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz.
E a escola não mais parecia tão grande quanto antes.

Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:
“Hoje nós iremos fazer um desenho”.
“Que bom” pensou o menininho.
Ele gostava de fazer desenhos.
Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos e ele pegou uma caixa de lápis e começou a desenhar.

Mas a professora disse: “Esperem, ainda não é hora de começar”.
E ela esperou até todos estarem prontos.
“Agora” - disse a professora.
“Nós iremos desenhar flores”.
“Que bom”. - pensou o menininho.
Ele gostava de desenhar flores.
E ele começou a desenhar diversas flores com seu lápis rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse: “Esperem.
Vou mostrar como fazer”.
E a flor era vermelha, com o caule verde.
“Assim” disse a professora.
“Agora vocês podem começar”.
O menininho olhou para a flor da professora.
Então olhou para a sua flor
Ele gostou mais da sua flor.
Mas não podia dizer isto.

Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre a professora disse:
“Hoje iremos fazer alguma coisa com barro”.
“Que bom” - pensou o menininho.
Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todo tipo de coisa com o barro: elefantes e camundongos, carros, caminhões.
E ele começou a amassar e juntar sua bola de barro.

Mas a professora disse:
“Esperem. Não é hora de começar”.
E ela esperou até todos estarem prontos.
“Agora”. - disse a professora.

“Nós iremos fazer um prato”
“Que bom” - pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse: “Esperem.
“Vou mostrar como se faz”.
E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
“Assim” - disse a professora.
“Agora vocês podem começar”.
Então ele olhou para o seu próprio prato.
Ele gostava mais do seu prato que o da professora.
Mas ele não podia fazer isso.

Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente e fez um prato igual ao da professora.
Era um prato fundo.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora e muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.

Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir a outra escola.
Esta escola era ainda maior do que a outra.
E não havia porta da rua para sua sala.
Ele tinha que subir grandes degraus até sua sala.

E no primeiro dia ele estava lá.
A professora disse:
“Hoje nós vamos fazer um desenho”.
“Que bom” - pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada.
Ela apenas andava pela sala.

Quando ela veio até o menininho disse: “Você não quer desenhar?”
“Sim”, disse o menininho. “O que vamos fazer?”
“Eu não sei até que você faça” - disse a professora.

“Como eu posso fazê-lo?” - perguntou o menininho.
“Da maneira de que você gostar”. - disse a professora.
“E de que cor?” perguntou o menininho.

“Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como posso saber quem faz o quê?”
“E qual o desenho de cada um?”
“Eu não sei”, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha
com um caule verde.

Earl, Púllias e Young, A arte do magistério

http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=201

Talentos que admiro


28 agosto 2011


Lembrete aos pais- Os 10 mandamentos do dever de casa

Os 10 mandamentos do dever de casa.


1. Jamais faça a lição por seu filho ou permita que outros o façam (avós, empregada, irmão mais velho, amigo). Tenha clareza de que a lição é de seu filho e não sua, portanto, ele tem um compromisso e não você. Deixe-o fazendo a sua tarefa e vá fazer algo seu. Ele precisa sentir que o momento da tarefa é dele.

2. Organize um espaço e um horário apropriados para ele fazer as tarefas.

3. Troque idéias ou formule perguntas para ajudar no raciocínio, mas só se for requisitado. Não dê respostas, faça perguntas, provoque o raciocínio.

4. Oriente, a correção fica a cargo do professor. Importante: não vale apagar o erro de seu filho. Quem deve fazer isso é o professor. Aponte os erros (torne o erro construtivo).

5. Diga "tente novamente" diante da queixa. Refaça. Recomece. Caso seu filho perceba que errou, incentive-o a buscar o acerto ou uma nova resposta. Demonstre com exemplos que você costuma fazer isso. Nesse caso, valem os itens anteriores para reforçar este.

6. Torne o erro construtivo. Errar faz parte do processo de aprender (e de viver!). Converse, enfatizando a importância de reconhecermos os nossos erros e aprendermos com eles. Conte histórias que estão relacionadas a equívocos.

7. Lembre-se de que fazem parte das tarefas escolares duas etapas: as lições e o estudo para rever os conteúdos. As responsabilidades escolares não findam quando o aluno termina as lições de casa. Aprofundar e rever os conteúdos é fundamental.

8. Não misture as coisas. Lição e estudar são tarefas relacionadas à escola. Lavar a louça, arrumar o quarto e guardar os brinquedos são tarefas domésticas. Os dois são trabalhos, no entanto, de naturezas diferentes. Não vincule um trabalho ao outro, e só avalie as obrigações domésticas.

9. Não julgue a natureza, a dificuldade ou a relevância da tarefa de casa. A lição de casa faz parte de um processo que começou em sala de aula e deve terminar lá. Se você não entendeu ou não concordou, procure a escola e informe-se. Seu julgamento pode desmotivar seu filho e até mesmo despotencializar a professora e, conseqüentemente, a tarefa de casa e seus objetivos.

10. Demonstre que você confia em seu filho, respeita suas iniciativas e seus limites e conhece suas possibilidades. Crie um clima de camaradagem e consciência na família, mas não deixe de dar limites e ser rigoroso com os relapsos e irresponsabilidades.



"Depende de nós
Se este mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá..."


Frases para reflexão





"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível."
São Francisco de Assis

"O homem é mortal por seus temores e imortal por
seus desejos ."
Pitágoras

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido.
Não na vitória propriamente dita."
Mahatma Gandhi

"Veja as qualidades e elogie; os defeitos logo desaparecerão."
Anônimo

"Sabendo sofrer, sofre-se menos."
Anônimo

"Cada homem tem a sua hora. Cabe a cada um escolhê-la."
Anônimo

"A página aberta da vida é bela; mais bela, porém, é a página
lacrada."
Anônimo

"Há corações que param no passado; e para que isto não
aconteça com você deixo-lhe este pequeno lembrete, para que o
seu coração, ao mover-se no futuro, encontre sempre algo no
presente."
Anônimo

"A vida bem vivida e aquela que se sobrepõe a morte."
Anônimo

"A felicidade não está no fim da jornada, e sim em cada curva
do caminho que percorremos para encontrá-la."
Anônimo

"O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la
realidade."
Anônimo

"Vencer não é competir com o outro. É derrotar os seus
inimigos interiores. É a própria realização do ser."
Anônimo

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que às
vezes poderíamos ganhar pelo medo de tentar."
Shakespeare

"Preste atenção ao que está fazendo, o ontem já lhe fugiu das
mãos, o amanhã ainda não chegou."
Anônimo

"Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível
mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o
momento em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a
nossa existência."
Anônimo

"O pensamento positivo pode vir naturalmente para alguns, mas
também pode ser aprendido e cultivado, mude seus pensamentos
e você mudará seu mundo"
Norman Vicent Peale

"Aprender a nunca continuar. Saber começar a cada instante é
o segredo de jamais cair na rotina."
Anônimo

"Nada mais terrível do que um homem murado dentro de si
mesmo. Aquele que corta toda a comunicação profunda com os
outros, que se isola, que se fecha, para se tornar inacessível, é o
mais infeliz dos homens."
Anônimo

"Para cada virtude basta um homem; para a amizade, são
precisos dois."
Anônimo

"A preocupação deveria levar-nos à ação e não à depressão."
Karen Horney

"Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas
são provas de idade e não de prudência."
Platão

"A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a
verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até
num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão."
Massimo Bontempelli

"É muito mais honrado erguer-se a lutar mesmo tendo que
correr o risco do insucesso, do que unir-se aos pobres de espírito
que não perdem e não vencem e por isso acabam morrendo sem
viver."
Anônimo

"Se queres ser feliz amanhã, tenta hoje mesmo."
Liang Tzu

"Amizade é como música: duas cordas afinadas no mesmo tom
vibram juntas."
Anônimo

"Devemos cuidar de dar um passo à frente, um passo por menor
que seja."
Anônimo

"Nossas loucuras são as mais sensatas emoções. Tudo o que
fazemos deixamos de lembranças para os que sonham um dia
ser como nós: loucos, mas felizes."
Anônimo

"Rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de nada é coisa dos
estúpidos."
Erasmo de Rotterdam

"Nós geralmente descobrimos o que fazer percebendo aquilo que
não devemos fazer. E provavelmente aquele que nunca cometeu
um erro nunca fez uma descoberta."
Samuel Smiles

"O homem vale tanto quanto o valor que dá a si próprio."
François Rabelais

"A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da
vida, a liberdade do ser humano."
João Paulo II

"Todos os caminhos são mágicos se nos levam a nossos sonhos."
Paulo Coelho

" A perfeição no amor consiste no sacrifício dos desejos do
amante, que anela só agradar ao objeto amado."
Machado de Assis.

"Não és bom porque te louvam, nem desprezível porque te
censuram; és o que és, e o que poderão dizer de ti, não te fará
melhor do que vales aos olhos de Deus."
Anônimo

"Pouca ingratidão encontramos quando estamos em condições
de conceder favores."
Provérbio Francês.


"A imaginação é como um braço extra, com o qual você pode
agarrar coisas que de outra forma não estariam ao seu
alcance."
Sartre.


"Aprendi através da experiência amarga a suprema lição:
controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido
em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa
força capaz de mover o mundo."
Mahatma Gandhi


"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre
inteira."
Cecília Meireles.

"Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas
defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la."
Voltaire.


"Não levar nada além de fotos; não deixar nada além de
pegadas; não matar nada além de tempo."
Lema do Excursionista

"No meio de toda dificuldade, sempre existe uma oportunidade"
Albert Eistein

"Que nada vos perturbe, que nada vos aflija, que nada vos assuste! Tudo passa: a dor e a alegria. Só Deus fica. Eternamente."
Padre Eustáquio

"O tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais."
Napoleão Bonaparte

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Retirada do livro "Pequeno Príncipe"

"As melhores e mais lindas coisas do mundo não podem ser vistas, sequer tocadas. Devem ser sentidas com o coração."
Hellen Keller

"...Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou..."
João Guimarães Rosa

"Se não puder aceitar nada pela fé, então será condenada a levar uma vida dominada pela dúvida."
Retirada do filme "Um Milagre na Rua 34"

" Que Deus nos dê coragem para acertar as coisas que não podemos mudar,coragem para mudar o que pudermos e sabedoria para distinguir uma coisa da outra."
Anônimo

"O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo."
Paulo Coelho -Diário de um Mago

" O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento.E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos."
Paulo Coelho-O alquimista

" O amor surge quando aprendemos a admirar as qualidades de uma pessoa, que com sua simples presença, nos faz sentir especial."
Anônimo

" Se quiser ser feliz por um momento, vingue-se, mas se quiser ser feliz a vida toda, perdoe."
Anônimo

" Ame a vida e os bons amigos, pois a vida é curta e os bons amigos são poucos."
Anônimo

" Só entendi o valor do silêncio no dia que resolvi calar para não magoar alguém."
Anônimo

" Quem sabe o tempo nos faça percorrer caminhos diferentes, mas o destino fará com que nos encontremos no mesmo lugar."
Anônimo

" Um dos maiores milagres de Deus é permitir que pessoas simples e comuns possam transmitir coisas incomuns, fortes e ricas de sabedoria."
Anônimo

" O caminho para a felicidade está em vivermos o presente. Não volte ao passado, nem fique tentando adivinhar o futuro."
Anônimo

" Enquanto acreditarmos no nosso sonho, nada é por acaso."
Anônimo

" Construir a felicidade é um ato paciente que não se alcança queimando etapas.Percorra."
Anônimo

" Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira com que respondemos ao desafio."
Anônimo

"Deus nos concede a cada dia uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta."
Anônimo

" A vida é uma peça de teatro, que não permite ensaios. Por isso, cante, dance,ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Anônimo

" Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas e obstáculos que tiveram de vencer."
Spurgeon

"Faze a tua parte. Prepara a tua obra, sem te preocupares com aqueles que caminham à retaguarda. Tua luz deverá iluminar-lhes o caminho. Eis a tua tarefa. "
Anônimo

"O amor e a verdade estão unidos entre si,como as faces de uma moeda. É impossível separá-los. São as forças mais abstratas e mais poderosas desse mundo."
Mahatma Gandhi

"A glória da amizade não é só a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você."
Anônimo

"Ama-me quando eu menos o merecer, porque será nessa altura que mais necessitarei."
Dr. Jeckyll

"Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil."
Leon Tolstoi


26 agosto 2011


À AQUELES QUE EDUCAM


Augusto Cury

Na educação de nossos filhos
Todo exagero é negativo.
Responda-lhe, não o instrua.
Proteja-o, não o cubra.
Ajude-o, não o substitua.
Abrigue-o, não o esconda.
Ame-o, não o idolatre.
Acompanhe-o, não o leve.
Mostre-lhe o perigo, não o atemorize.
Inclua-o, não o isole.
Alimente suas esperanças, não as descarte.
Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo.
Não o mime em demasia, rodeie-o de amor.
Não o mande estudar, prepare-lhe um clima de estudo.
Não fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade.
Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja.
Não lhe dedique a vida, vivam todos.
Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele o olha.
E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra...
Ensina-lhe a viver sem portas.